O romance é contado como se fosse o relato de Chiyo ao biógrafo, em primeira pessoa, desde a época em que era menina, filha de pescador que andava suja e descalça quando foi enviada a Kioto com a irmã mais velha. Por causa da cor dos olhos teve a sorte de ser aceita num okiya, enquanto a irmã foi entregue a um prostíbulo. A partir daí o autor conta a trajetória da garota até ela tornar-se uma das gueixas mais populares, superando a sua mestra Mameha e sua nêmesis Hatsumomo, adotando o nome Saiyuri. Outro enredo dentro da trajetória de Saiyuri conta a história de amor entre a gueixa e o presidente de uma indústria, que atravessou décadas.
Sayuri morava na casa bêbada, com sua irmã e seus pais idosos.
Um peixeiro rico da cidade, percebendo a morte iminente de sua mãe e a pobreza em que viviam, combina com seu pai a venda das filhas para um okiya para futuramente tornarem-se gueixas.
Quando lá chegam, as donas, que as tratavam muito mal, só ficam com Sayuri, sua irmã acaba virando prostituta.
A menina passa a ter aulas de artes para futuramente tornar-se aprendiz de gueixa.
Um dia as irmãs se reencontram e combinam de fugir.
Hatsumoto se encontrava com um rapaz, em um dos quartos da casa e Sayuri os encontra um dia por acaso. Ela fica brava e monta uma armadilha, dizendo que havia roubado seu broche e colocando dinheiro em seus bolsos e falando que ela pretendia fugir. Sayuri, por sua vez, conta do encontro amoroso. A mama confere a excitação de Hatsumoto e a proíbe de ver o rapaz, além de bater muito em Sayuri.
Mais à noite a menina tenta fugir pelo telhado e cai. Como punição, ela deixa de ter aulas de artes e passará a ser uma simples criada.
Abóbora, que era da mesma idade de Sayuri, passa a ter o status de irmã mais nova e vai seguir todos os passos de Hatsumoto.
Um dia chega ao okiya Mameha (uma gueixa rival cujo kimono havia sido destruído por Hatsumoto) e pede para ser a irmã mais velha de Sayuri. Passam a ir juntas a todos os eventos. Em um deles encontram o presidente e Nobu, que logo se interesse pela novata.
Hasumoto começa a tentar difamar a menina, perseguindo-as a todos os lugares.
Chega o momento do misuage de Sayuri. Mameha prepara um plano para elevar seu preço. Simula um corte na perna para ela conheça um médico, além de fazer a oferta, entregando um bolinho (erótico) a Nobu. Porém, de uma hora pra outra o médico fica agressivo. Depois elas descobrem que é porque Hatsumoto havia lhe contado uma mentira de que a novata não seria mais virgem. Conseguindo tirar de Abóbora os fatos, esclarecem tudo. O maior lance é do Dr Carangueijo e ela bate o recorde de todas as outras gueixas. Isso abre os olhos de mama para ela.
A partir de então resolve adotá-la. Ela passa a ocupar o lugar de Hatsumoto e Abóbora e as duas vão para seu quarto menor.
Tempos depois passam a procurar por um danna. Acabam aceitando o General. Nobu fica ofendidíssimo, pois estava apaixonado por ela e a queria.
Um dia, Hatsumoto encontra seu diário e a ameaça. Sayuri vai até seu quarto, encontra o broche que ela a havia ameaçado de roubar e toma o diário de volta. Conta tudo à mama, que expulsa Hatsumoto do okiya.
Vem a guerra e os soldados fecham todos os okiyas. Nobu, apesar de tudo, consegue um abrigo para Sayuri. Seu danna já não estava mais com ela. Passa momentos muito difíceis.
Anos depois, Nobu vai buscá-la e ela novamente se torna gueixa. Ela reecontra Abóbora e a convida para o evento da noite. Nobu lhe dá a entender que logo vai se tornar seu danna. Sayuri então planeja transar com um dos convidados e pedir a Abóbora que chame Nobu até o local para flagrá-la, só assim ele desistiria dela. Porém, quem Abóbora leva é o Presidente.
Sayuri fica atordoada e pergunta por que ela havia feito aquilo. Abóbora diz que foi para se vingar pelo dia em que ela deixou de ser a adotada do okiya para dar lugar à Sayuri.
Dias depois Nobu marca encontro com a menina. Ela, desesperada, pensa que ele nada ficara sabendo e que a informaria de que seria seu danna a partir de então. Porém, quem chega no local é o Presidente. Ele lhe diz que quando a flagrou, percebeu que seu destino não era com Nobu. Contou a ele o que tinha visto, que ficou furioso e disse nunca mais querer vê-la. Foi quando então ele decidiu procurá-la e declarar-se. Contou-lhe que fora ele que pedira a Mameha para torná-la gueixa, que sempre fora apaixonado por ela mas não podia dizer nada porque devia muito a seu amigo Nobu e sabia que ele estava apaixonado.
Como o Presidente era casada mas só havia tido filhas, queria casar uma delas e fazer de seu genro seu sucessor nas empresas. Porém, Sayuri tinha tido um filho seu. O genro, imaginando que mais tarde poderia perder a sucessão para esse filho, desistiu de se casar.
Como o Presidente e Sayuri viajavam bastante para os EUA, ela lhe deu a sugestão de permanecer morando lá, definitivamente, e abrir uma casa de chá. Assim, o caminho ficaria livre para seu genro. E assim, passou a ter uma casa de bastante sucesso em Nova Iorque.
– Os kimonos são decotados atrás para mostrar o pescoço, que para eles é como o bumbum para nós. Um trecho do pescoço é deixado propositalmente à mostra da maquiagem. Um truque que garante que efeito de sensualidade máxima aos olhos nipônicos
– O cabelo é repartido ao meio dando um formato de pêssego, que com um pedacinho de laço vermelho aparecendo, se tornava bem erótico.
– A única parte do corpo que mostram é o pulso, que ao oferecer o chá, acaba por se tornar bastante sensual
– A palavra gueixa significa artista. Elas não são prostitutas, mas também não são santas. Podemos compará-las àquelas mulheres que tem um namorado ou marido bem mais velho, somente para sustentá-las e dar vida boa. Não deixa de ser uma forma de se prostituir, mas não é escancarado. Assim, elas vendiam a virgindade (misuage), tinham um danna com quem deveriam transar se essa fosse a vontade dele, nadavam nuas à noite em uma piscina lotada de gueixas e homens e, eventualmente, poderiam transar com um ou outro por dinheiro.
– Lavam o cabelo uma vez por semana, pela dificuldade e sofrimento do penteado. Dormem com um aparador para a cabeça para não desarrumar os cabelos. Têm uma pessoa só para vesti-las, de tão complicado que é colocar o kimono.
– Calçam um altíssimo par de guetás (sandálias de madeira), em forma de trapézio, de 20 centímetros de altura. Devido ao formato, a área da sandália que toca o chão acaba sendo a metade da do pé, o que certamente obriga a maiko-san a um exercício constante de equilíbrio naqueles tronquinhos.
– No início do século, havia cerca de 80 mil gueixas no Japão. Hoje, estima-se que sejam apenas dois mil. Ironicamente, a influência do Ocidente (que tanto fascínio tem pelas gueixas) é apontada como uma das causas do crescente desinteresse dos japoneses pelas suas antigas tradições.
– A gueixa que deu a entrevista ao autor o está processando porque diz que haviam combinado de ele nunca revelar seu nome e só publicar a história depois de sua morte e de todos os homens citados. Porém, ele a cita nos agradecimentos. Ela diz também que ele não contou a verdadeira história e deu a entender que eram prostitutas. Ela lançou um livro contanto sua versão: Minha vida como gueixa.
– As gueixas não ciceroneiam apenas homens. Não é comum, mas há casos de famílias que as contratam para entreter crianças, ou como no meu caso, uma parente que veio de muito longe. Patrocinar a educação de uma gueixa é algo que confere status de “protetor das artes” entre os japoneses. Os que o fazem são constantemente cumprimentados com grande respeito, e vistas como pessoas ricas e cultas.
**A única característica da arte Kabuki, e talvez a mais significativa na conservação do invulgar espírito Kabuki é o fato de que não utiliza, absolutamente, qualquer atriz. Todos os papéis femininos são representados por elementos masculinos conhecidos como “onnagata”. Como foi mencionado acima, os atores do drama Kabuki, em seu estado primitivo, eram principalmente mulheres, e a maioria dos espectadores naquela época estava realmente mais interessada na beleza das atrizes do que nas suas representações no palco. Com a crescente popularidade do Kabuki, muitas das atrizes começaram a despertar atenção indevida dos admiradores masculinos. As autoridades compreenderam que tal situação acabaria com uma séria desmoralização do público e em 1629 foi oficialmente proibida a apresentação de mulheres em palcos teatrais.
O filme é bem fiel.
Muda a cena em que Hatsumoto lê o diário de Sayuri, o leva para seu quarto e Sayuri vai atrás, a ameaça e o consegue de volta. No filme ela encontra o lenço do presidente e põe fogo no okiya.
O livro acaba com ela em Nova Iorque. O filme acaba quando o Presidente se declara, após flagrá-la com o Ministro.
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Editora JBC lança o livro Minha vida como gueixa – A Verdadeira História de Mineko Iwasaki, a gueixa mais famosa do Japão
“As gueixas não são prostitutas. Não vendem seu corpo, mas sua arte.” Esse é o principal recado que Mineko Iwasaki, a gueixa mais famosa do Japão, dá ao mundo. Sentindo-se ofendida pelo modo como seu universo foi retratado em Memórias de uma Gueixa, primeiramente no livro e agora com o filme, ela resolveu ir aos tribunais norte-americanos processar Arthur Golden, autor da história, por difamação, quebra de contrato e violação de direitos autorais. E mais: resolveu dar sua própria versão para os fatos, escrevendo como realmente vive uma gueixa. O resultado é “Minha vida como gueixa – a verdadeira história de Mineko Iwasaki”, pela Editora JBC. Além do texto rico em descrições detalhadas, o livro traz várias fotos históricas do universo das gueixas.
Tudo começou quando Arthur Golden pediu entrevistas a Iwasaki para escrever seu livro. Ela topou revelar um pedaço do misterioso e inacessível mundo das gueixas, com a condição de não ter a identidade revelada. Um menção ao seu primeiro nome nas páginas de agradecimento e as distorções de seu depoimento, no entanto, levaram Iwasaki a decidir contar sua própria história.
“Em três séculos de história das gueixas, jamais uma mulher veio a público contar detalhes de sua vida. Nós somos compelidas por regras implícitas a não fazê-lo em hipótese alguma”, conta Iwasaki, que foi muito criticada no Japão por revelar o universo das gueixas e sua intrincada relação com a elite da sociedade japonesa.
Em “Minha vida como uma gueixa”, Iwasaki revela desde o rigoroso treinamento das gueixas – que, no seu caso, incluiu até a sua adoção por um estabelecimento comercial, o que a tirou de sua família aos 3 anos -, até elas decidirem se aposentar. Durante sua carreira, Mineko conviveu com os homens mais ricos e poderosos do Japão e também personalidades mundiais como a rainha Elizabeth, o príncipe Charles, o diretor de cinema Elia Kazan, entre muitos outros nomes famosos que ela entreteu nas noites de Kyoto.
Mais que a biografia de uma gueixa, este livro é uma verdadeira aula sobre a cultura japonesa.
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GUEIXAO recente sucesso do romance best seller “Memórias de uma Gueixa” de Arthur Golden e do filme baseado no livro causou muitos pedidos em nosso site por informações a respeito do assunto. Cristiane A. Sato, consultora do CULTURA JAPONESA, apresenta a seguir uma introdução a um dos aspectos mais fascinantes da sociedade japonesa: a gueixa. GUEIXA, MUSA DO MUNDO FLUTUANTEMuito se fala e se discute, principalmente no ocidente, sobre a figura e o papel da gueixa na sociedade japonesa. Na prática, poucos ocidentais, e mesmo japoneses, têm efetivamente contato com uma gueixa. Em público, elas só aparecem em poucas ocasiões, como no Jidai Matsuri (Festival das Eras), e na temporada de danças tradicionais Kamogawa Odori (Danças do Rio Kamo) que ocorrem em outubro, em Kyoto. Fora tais ocasiões, alguns sortudos turistas conseguem vê-las andando pelas ruas, nas raras ocasiões em que elas saem para ter aulas de dança, shamisen (cítara de três cordas tradicional) ou ikebana (arranjo floral), ou a caminho de um restaurante para entreter algum empresário ansioso em impressionar seus convidados. Ser servido ou entretido por uma gueixa, mesmo entre os japoneses, é privilégio de poucos. Em 1904, o compositor italiano Giacomo Puccini criou a ópera “Madame Butterfly”. Inspirada num caso verídico, a ópera conta a trágica história de uma gueixa que se apaixona por um oficial americano em missão no Japão. Acreditando ser esposa de Pinkerton, ela tem um filho mestiço e passa a sofrer o preconceito dos japoneses. Ele é chamado de volta aos Estados Unidos, e acreditando nos democráticos valores com que seu amado descrevia o ocidente, Cho-cho aguarda seu regresso ao Japão na esperança de ir viver com ele e seu filho na América. Mas Pinkerton volta casado com uma americana e deixa Cho-cho, que acaba se matando. Até hoje extremamente popular, “Madame Butterfly” não apenas tornou Cho-cho a gueixa ficcional mais famosa do mundo, como também serviu de inspiração para filmes e outra peça de sucesso. A ficção e diferenças culturais fizeram com que a idéia que o ocidente tem das gueixas seja distorcida, pouco correspondendo com a realidade. Muitos, principalmente os incultos, acham que uma gueixa nada mais é do que uma exótica prostituta de luxo – algo que choca os japoneses, que as consideram refinadas guardiãs das artes tradicionais. Para os japoneses, achar ou tratar uma gueixa como se ela fosse uma mera garota de programa é uma atitude que revela não só falta de critério, mas de cultura e “berço” de quem assim age. Na sociedade japonesa, a gueixa é objeto de admiração e respeito. Elas dão status aos lugares que vão e às pessoas com quem se relacionam – um status que é mais ligado à tradição que à moda. Entender o que é, ou o que faz uma gueixa ser uma gueixa, é difícil para os que pouco conhecem o Japão, a história, a cultura e a sociedade do país. A existência da gueixa só pode ser compreendida no contexto japonês, assim como ela é produto do que o Japão foi e é. DEFININDO O ESPAÇO DA GUEIXAEm 1779, a gueixa foi reconhecida como praticante de uma profissão distinta da prostituição e foi criado o kenban, um tipo de cartório específico para registrar gueixas e fiscalizar o cumprimento das regras que a partir de então passaram a reger a profissão. Apenas gueixas registradas no kenban eram reconhecidas e tinham autorização para trabalhar. Algumas regras que as gueixas passaram a ter que seguir eram parecidas com as das prostitutas, como a obrigatoriedade de viver nas okiyas (casas de gueixas). Mas outras as diferenciaram das prostitutas. É importante observar que as prostitutas tinham prioridade em relação às gueixas na sociedade japonesa da época, pois a função e situação delas já estava definida há tempos. Assim, muitas das regras do kenban visavam limitar o que as gueixas podiam fazer. Como artista, a gueixa tem a obrigatoriedade de ser versada em música, dança, canto e literatura – a prostituta não. A prostituta vestia-se com os quimonos mais brilhantes, estampados e extravagantes que tivesse – a gueixa foi proibida de usar tais quimonos e obrigada a ter um visual mais discreto. As prostitutas usavam até uma dúzia de kanzashis (grandes espetos decorativos para o cabelo, considerados jóias) e até três pentes de casco de tartaruga na cabeça – a gueixa foi limitada a três kanzashis e um pente. As gueixas foram proibidas de usar o obi amarrado na frente, que se tornou característico das prostitutas (como a prostituta vestia-se e despia-se várias vezes ao dia, era mais rápido e prático amarrar o obi na frente do que atrás). E as gueixas foram proibidas de dormir com os clientes das prostitutas. Se uma prostituta acusasse uma gueixa de roubar seu cliente, o kenban fazia uma investigação, e se a gueixa fosse considerada culpada, ela podia ser suspensa ou expulsa da profissão. Para evitar que uma gueixa fugisse da casa de gueixas, ou caísse na tentação de dormir com um cliente das prostitutas, elas foram obrigadas a andar com a escolta de um homem de confiança da responsável pela okiya onde ela vivia. As restrições do kenban moldaram não só a aparência, mas o que efetivamente a gueixa se tornou e é atualmente. Para ter condição de artista, as gueixas passaram a dedicar enorme tempo ao estudo e treinamento em artes, e passaram a ser valorizadas e remuneradas como entertainers. Proibidas de ter a aparência rica mas aperuada das prostitutas, as gueixas tornaram-se mestras da elegância, da beleza discreta e da sensualidade insinuada. Atrair os homens era, como ainda é, básico para elas formarem uma clientela, mas sexo não era, como ainda não é, a finalidade pela qual os japoneses contratavam uma gueixa – para isso existem as prostitutas. Diferentemente das prostitutas, gueixas podiam se recusar a ter sexo com um cliente, mas não se podia evitar que gueixas tivessem relacionamentos sexuais com seus próprios clientes (desde que não fosse cliente de uma prostituta, tudo bem). Com o tempo, a figura do homem de escolta foi substituída pelo camareiro – um profissional especializado em vestir gueixas. Por volta de 1780 ainda haviam otoko-geisha, embora as mulheres fossem esmagadora maioria na profissão. No início do século XIX, gueixa era invariavelmente uma mulher. GUEIXAS CHEGAM À MESATocar, cantar, dançar e contar histórias para entreter os comensais num banquete. Essa era a principal atividade exercida pelas gueixas. Sentar-se à mesa e fazer companhia para os homens era algo que só as prostitutas faziam – mesmo porque elas queriam garantir que seus clientes quisessem sua companhia após o jantar. Mas aos poucos, os próprios clientes passaram a pedir que as gueixas também se sentassem à mesa. Educadas e cultas, as gueixas tornavam a conversação mais agradável e o tempo fluía mais rápido. Com as gueixas, os clientes conseguiam um tipo de relacionamento que não conseguiam ter com suas esposas, ou mesmo com as prostitutas. E nem sempre os homens que íam aos banquetes queriam fazer sexo depois de comer. Percebendo que muitos queriam apenas distrair-se, ou quando muito flertar, as gueixas descobriram seu público. Para formar clientela própria, as gueixas passaram a evitar os bordéis e concentraram suas atividades em restaurantes e casas de chá, ou abriam suas próprias casas de chá. Por volta de 1840, uma gueixa chamada Haizen decidiu aprender um pequeno ofício que era executado até então somente por homens: servir saquê à mesa. Haizen passou fazer o mesmo, bem como fazer companhia à mesa aos convivas. Ela rapidamente tornou-se a gueixa mais requisitada de Kyoto e todas passaram a fazer o mesmo. Desde então, as gueixas vêm desempenhando o papel de anfitriãs em banquetes, servindo bebidas e conversando com as pessoas, além de dançar, cantar, contar histórias e fazer jogos de salão. PRESTÍGIO E INFORTÚNIOSAs gueixas tornaram-se símbolo de uma invejável independência, que as demais mulheres no Japão de então não tinham. A partir da Restauração Meiji elas passaram a desfrutar de prestígio, tendo contato com os políticos mais influentes e os empresários mais bem-sucedidos, e de um estilo de vida glamuroso. O que elas usavam virava moda e eram imitadas por outras mulheres – o que fez com que os quimonos continuassem sendo usados pelas mulheres por mais tempo que os homens, que rapidamente adotaram o vestuário ocidental. Gueixas viviam com luxo, freqüentavam festas, não faziam trabalhos domésticos nem cozinhavam, dedicavam-se à dança e à música, podiam ter vida sexual e não precisavam se casar. Aliás, o karyukai, o mundo da gueixa, era, como é até hoje, um mundo dominado pelas mulheres numa sociedade machista. Gueixas eram as “supermodels” da época. Tarõ Katsura, Primeiro-ministro do Japão de 1908 a 1911, assumiu uma gueixa, Okoi, como amante. O oligarca Kido Kõin casou-se com uma gueixa de Gion, Ikumatsu. Outro importante membro do governo foi mais além: o Ministro das Relações Exteriores, Barão Mutsu, casou-se duas vezes, e em ambas com gueixas. Ter uma gueixa como amante ou esposa tornou-se símbolo de status. Se ter um rico e influente japonês como danna(“patrono”, amante de uma gueixa) ou marido assegurava à gueixa uma vida de conforto e prestígio, há entre as gueixas a idéia de que unir-se a um estrangeiro dá no oposto, podendo até terminar em tragédia. Tal crença é baseada na vida de algumas gueixas, que tornaram-se famosas por suas tristes histórias. A mais conhecida é a de Okichi, gueixa designada pelo xogunato para servir Townsend Harris, primeiro diplomata americano enviado ao Japão em 1856. Aparentemente ocorreu que Harris levou Okichi para sua casa em Shimoda, e com isso a gueixa entendeu que Harris a assumira como esposa, conforme os costumes japoneses da época. Harris, entretanto, sendo ocidental, sempre considerou Okichi uma mera cortesã, e mesmo tendo vivido anos com ela, sequer a mencionou em seus diários. Em 1862, Harris demitiu-se de seu posto e voltou para os Estados Unidos, abandonando Okichi, que cometeu suicídio. Até hoje, as gueixas de Shimoda prestam homenagem a Okichi, visitando seu túmulo. A história de Harris e Okichi inspirou Puccini a criar a ópera “Madame Butterfly”, e teve uma versão romanceada numa produção de Hollywood em 1958, “O Bárbaro e a Gueixa”, com John Wayne no papel de Harris. BONS ANOS E TEMPOS DIFÍCEISNas décadas de 1920 e 1930, o Japão passou por um período de grande prosperidade econômica. Políticos, industriais, banqueiros, empresários e a ascendente classe dos militares de alta patente tornaram-se assíduos e generosos clientes de gueixas, formando uma elite vista pela sociedade japonesa como mecenas das artes. O status que a gueixa tinha e dava aos clientes inspirava muitas mulheres a seguir a profissão, embora poucas efetivamente conseguissem entrar para o reservado mundo do karyukai. Mesmo assim, em 1920, haviam 80 mil gueixas registradas ainda nos moldes do kenban no Japão. Foi o auge da população de gueixas no país. A demanda por gueixas era tão alta, que gerou práticas perversas. Casas de gueixas administradas por okaasans (“mães”, modo pelo qual as gueixas mais velhas administradoras das casas são chamadas) gananciosas e interesseiras, tornaram-se senzalas douradas para meninas e adolescentes. Sempre lembradas do enorme investimento que representavam para a okiya, como se tivessem assinado uma dívida pelo resto da vida, as maikos eram exploradas pelas okaasans, que para sugar ao máximo seus ricos clientes criaram os chamados “leilões de virgindade”. Quando uma maiko chegava aos 16 anos, a okaasan contatava seus clientes e lhes oferecia a gueixa pela melhor oferta. Pouco interessava se a jovem concordava ou não com a transação, e fugir de nada adiantava. A deserção de uma gueixa era vista pela sociedade como um ato de traição à okiya – até os pais das gueixas as delatavam ou as mandavam de volta. Sabe-se que nos anos 30 a virgindade de uma maiko chegou ao valor recorde de 850 mil dólares. Mesmo criticados pela imprensa, por reduzir a nobre profissão da gueixa à condição da mera prostituição, os “leilões de virgindade” continuaram sendo cínicamente praticados até a 2ª Guerra Mundial. Com a ocupação americana, tal prática passou a ser considerada abusiva, e as okaasans, temendo o fechamento de suas casas, imediatamente aboliram os ditos “leilões”. Se durante a Era Meiji as gueixas estavam na vanguarda da moda japonesa, a partir da década de 20 elas passaram a sofrer concorrência com o constante aumento da ocidentalização dos costumes no país. Em plena Era do Jazz e das melindrosas, bares à ocidental tornaram-se extremamente populares pelo Japão e surgiram as jokyûs (garotas de cafés): moças que vestiam kimonos de uso cotidiano com aventais ou à ocidental, e que serviam de garçonetes e de acompanhantes para os clientes – as precursoras das atuais “bar hostesses”. Para se distinguir das jokyûs, as gueixas decidiram não se “modernizar”, e assumiram definitivamente o papel de praticantes do tradicional. Desde então, modismos ocidentalizados passaram a ser desprezados pelas gueixas. A imagem de personificações da tradição fez a atividade das gueixas prosperar nas décadas de 20 e 30, período em que o nacionalismo exacerbado foi extremamente alimentado pelo governo no Japão, e tudo aquilo que representava “tradição” era valorizado. Nos anos 40, à medida em que o Japão mergulhava na 2ª Guerra e aumentava a escassez de produtos básicos e alimentos, as gueixas continuavam com seu trabalho e estilo de vida glamuroso – as okiyas mais prósperas eram justo as que tinham como clientes empresários ligados ao governo e membros dos altos escalões militares. Isto certamente contrastava com a austeridade e os sacrifícios impostos ao resto da população civil, conclamada ao esforço de guerra “pela pátria e pelo Imperador”. De súbito, em 1944, o governo determinou o fechamento de casas de chá e de bares, e proibiu as gueixas de trabalhar como gueixas. Todas as mulheres – inclusive as gueixas – tiveram que ir trabalhar nas fábricas pelo esforço de guerra. Esta situação durou até outubro de 1945, quando o governo de ocupação americano autorizou a reabertura das casas de gueixas. O período do governo de ocupação americano (1945 – 1952) trouxe uma série de novos desafios para a gueixa. A derrota na guerra causou, além da falência das instituições, a falência de boa parte dos clientes das gueixas. Uma nova clientela teve de ser conquistada, e elas procuraram os oficiais americanos. Se antes as gueixas desprezavam tudo que representava o ocidente, agora elas procuravam aprender inglês e músicas americanas. O choque de culturas foi inevitável, e chegou a ser objeto de filmes produzidos em Hollywood nos anos 50, como “A Casa de Chá do Luar de Agosto”. Mas o problema maior ocorreu entre os soldados e militares de baixa patente. Ao saber que gueixas compareciam às recepções e jantares dos oficiais, sem presenciar ou entender o que as gueixas exatamente faziam em tais ocasiões, soldados americanos passaram a achar que “gueixa” significava “prostituta” em japonês, e quando saíam à procura de mulheres – que nada mais eram que moças comuns famintas tentando sobreviver no caos do pós-guerra – perguntavam se elas eram uma “guíxa” (a pronúncia que usavam para “geisha“). Como normalmente a resposta era um aceno afirmativo com a cabeça, os soldados passaram a acreditar que as garotas que arranjavam eram “guíxas”, e com isso tornou-se popular no ocidente a idéia de que gueixas eram simples prostitutas com aparência exótica. Embora o governo de ocupação tivesse promulgado uma nova Constituição para o Japão em 1947, os americanos mantiveram em vigor as antigas regras da prostituição legalizada, com bordéis oficiais para os soldados. Embora tais estabelecimentos nada tivessem a ver com as okiyas e as casas de chá, os soldados logo as apelidaram de “guíxa houses”. A prostituição no Japão deixou de ser legalizada em 1952, ao final do governo de ocupação. A atividade da gueixa quase se extinguiu neste período difícil, mas sobreviveu. Sua imagem, entretanto, foi manchada pelo choque cultural. Se no passado as prostitutas no Japão se esforçaram para não ser confundidas com as gueixas, desde o período da ocupação as prostitutas passaram a querer ser confundidas com gueixas. Uma nova fase de prosperidade se iniciou no Japão a partir de 1953, que culminou na atual condição de 2ª maior economia do mundo. Cultivando tradições, a gueixa se permitiu algumas modernidades, como falar inglês e entreter estrangeiros. E para desfazer a equivocada imagem que o ocidente tinha das gueixas, o governo passou a chamá-las para ciceronear e entreter personalidades estrangeiras em visitas oficiais ao Japão, como a Rainha Elizabeth II e o Príncipe Charles da Inglaterra, o Rei Hussein e a Rainha Aliya da Jordânia e o Presidente Gerald Ford – o primeiro presidente americano a visitar o Japão após a 2ª Guerra. A GUEIXA MODERNASer uma gueixa é mais do que uma mera profissão. É um estilo de vida que exige total e absoluta dedicação. É aceitar acima de tudo que será uma vida de servidão, que eventualmente terá grandes recompensas. Como tudo no Japão, ser gueixa é também um caminho a ser percorrido pelo resto da vida. Há poucas décadas atrás, era comum meninas de 8 a 14 anos serem adotadas por okiyas – até mesmo vendidas pelas famílias às casas, prática que foi proibida após a 2ª Guerra. Uma lei determinando que o segundo grau completo é requisito obrigatório para os que se candidatam a uma profissão no Japão, fez com que as casas de gueixa passassem a aceitar meninas só a partir dos 17 anos de idade. Se por um lado pegar crianças para treinar como gueixas tem o benefício de dispor de mais tempo para uma educação mais cuidadosa, por outro lado é óbvio que uma criança não tem como escolher se aquilo que ela está sendo educada para fazer é aquilo que ela efetivamente quer fazer pelo resto da vida. Com tantas oportunidades que existem para a mulher na moderna sociedade japonesa, a deserção de gueixas de okiyas que investiram em seu treinamento e sustento tornou-se relativamente freqüente. Cada gueixa que deserta deixa um prejuízo considerável para a casa que a recebeu (calcula-se que o valor mínimo gasto com a educação e quiminos de uma gueixa é de 500 mil dólares). Jovens um pouco mais maduras, que decidem tornar-se gueixas por opção, tornaram-se mais interessantes para as casas. O treinamento básico de uma jovem gueixa dura no mínimo 5 anos. As jovens gueixas aprendizes são chamadas maiko (mulher da dança). Enquanto aprendizes elas dedicarão seus dias a aulas de dança, canto, música, literatura, e na prática de uma etiqueta que mudará seus modos, gestos, até a linguagem corporal, para alcançar o padrão de elegância que se espera de uma gueixa. À noite, ela irá a festas e banquetes para entreter os convidados e observar atentamente as gueixas experientes, para aprender como agir e se portar vendo o exemplo delas. A esta prática dá-se o nome de minarai (aprender vendo). Em média, paga-se de 500 a mil dólares por hora por gueixa, sendo que nunca uma gueixa vai sozinha. Quando se “contrata uma gueixa”, contrata-se no mínimo duas. Ter namorados ou relacionamento sexual com clientes nesta fase está fora de questão. No passado, em tempos em que as gueixas eram virtuais escravas da casa, houve até a iniciação sexual de maikos através de “leilões de virgindade”, praticados por okaasans tiranas e gananciosas. Tal prática foi abolida após a 2ª Guerra. Hoje, com direitos garantidos e várias opções de carreira profissional para as mulheres, nenhuma gueixa pode ser obrigada a permanecer numa okiya ou numa atividade contra sua vontade. Para evitar prejuízos com uma desistência e garantir a continuidade de suas okiyas, as atuais okaasans procuram tratar bem suas maikos e geikos. Sinal dos tempos. Duas cerimônias marcam a passagem de gueixa adolescente para gueixa mulher. Por volta dos 18 anos ocorre a cerimônia do mizu-age (subida das águas), no qual uma maiko muda de penteado 5 vezes e, se quiser, perde a virgindade com um de seus clientes. Trata-se de um rito de passagem pelo qual a jovem gueixa passa a ser reconhecida como mulher, e ela passa a receber tanto propostas de casamento de clientes (sendo que ao se casar ela deixa de ser gueixa), como propostas para tornar-se amante de um deles (caso no qual ela pode tornar-se independente da casa à qual pertence mas continuar trabalhando como gueixa). Ser virgem aos 18 anos em tempos como os de hoje, nos quais adolescentes de 15 têm mais experiência no assunto que as maikos, é algo que deixa admirados os que têm na mente a idéia estereotipada da gueixa como uma expert no “Kama Sutra”. Quando suas habilidades já são consideradas suficientemente maduras, a jovem gueixa ganha o status de geiko (mulher da arte), o que atualmente ocorre entre 20 e 23 anos de idade. Enquanto maiko, a gueixa usa quimonos com cauda e obi largo em cascata nas costas, sempre com colarinho estampado ou colorido, maquiagem ultra-branca e o grande penteado com pente de casco de tartaruga, flores e pingentes metálicos. Ao se tornar uma geiko, ela passa a usar colarinho branco, quimonos mais discretos e penteados mais simples, ganhando uma aparência mais adulta e mais elegante. A cerimônia na qual uma gueixa aprendiz passa a ser considerada uma gueixa experiente chama-se erikae (mudança de colarinho). Isso também implica em novas responsabilidades para a geiko em relação à okiya, bem como manter-se um exemplo para as demais gueixas e auxiliar as mais jovens em seu aprendizado. As aulas de literatura, etiqueta, música, canto, dança e arranjo floral, entretanto, continuam até os 40 anos de idade. Atualmente, aulas de inglês também fazem parte do currículo. Esta foi uma breve descrição de como são formadas as gueixas mais refinadas e caras do Japão, como as das casas de gueixas de Gion e Pontochõ em Kyoto, e de Akasaka em Tóquio. Existem também as onsen geisha (gueixas de termas), que apesar do nome são prostitutas que adotam só a aparência e se valem da fama das gueixas. São falsas gueixas que se apresentam durante o dia em teatros baratos nas cidades turísticas onde há termas, e fazem de programas com turistas à noite sua principal fonte de renda. Usam perucas e quimonos teatrais, bons o suficiente para iludir os que nunca viram uma gueixa de verdade (que são muitos, mesmo entre os japoneses), mas nada possuem da postura e das maneiras elegantes características da verdadeira gueixa. Não se pode esperar de uma onsen geisha, portanto, a capacidade de guardar segredos ou de ser discreta, como fazem as verdadeiras gueixas. Que o diga o ex-Primeiro-ministro Sõsuke Unõ. Em junho de 1989, ao alcançar o posto máximo que um político pode almejar na carreira no Japão, Unõ tornou-se centro de um escândalo quando sua amante gueixa foi à mídia para revelar o caso e acusá-lo de avareza e arrogância. Tamanha foi a repercussão negativa, que Unõ teve que se demitir após somente dois meses no cargo. Por ter quebrado a regra nº 1 das gueixas – o voto de segredo – a comunidade das gueixas entendeu que a amante de Unõ sequer fosse uma gueixa. Quando muito, uma prostituta que se passava por gueixa. Gueixa ou não, o caso Unõ demonstrou que houve uma grande mudança de valores sociais no Japão, pois a relação extra-conjugal de um político com uma gueixa, algo que há muito tempo era aceito com naturalidade, deixou de sê-lo. As esposas japonesas, que hoje são também eleitoras, deixaram de ser tão complacentes e tolerantes com as amantes de seus maridos. A opinião pública masculina, por sua vez, achou que Unõ errou ao querer ter uma amante gueixa sem ter condições financeiras para tanto, ou seja, queria aparentar um status que não tinha condições de manter. FUTURO INCERTOGueixas podem se casar, mas ao se casar deixam de ser gueixas. É comum elas se casarem com filhos ou netos de seus clientes – os próprios clientes normalmente se propõem a arranjar tais uniões. Mas via de regra, o marido japonês prefere que sua esposa não trabalhe fora, dedicando-se exclusivamente ao lar. Para uma mulher criada para dançar, tocar música, e acostumada a um estilo de vida de festas e quimonos caros, o papel de esposa confinada em casa é difícil de assimilar. Por isso, ao invés do casamento, muitas gueixas preferem permanecer solteiras e viver na okiya, dedicando-se ao karyukai até a morte. Ou, com sorte, arranjar um bom e rico danna. Danna em japonês significa “patrono”, mas no meio das gueixas designa um cliente que decide assumir uma gueixa como amante exclusiva. Normalmente os clientes de gueixas costumam ser bem mais velhos que elas – na meia-idade ou já na terceira idade, pois é em tal faixa etária que os homens alcançam o sucesso pessoal e financeiro. Quando um deles quer que uma determinada gueixa seja sua amante, ele deve negociar isso com a okaasan. Além de uma quantia a título de compensação à okiya pela educação e hospedagem da gueixa (algo que envolve algumas dezenas de milhares de dólares), a okaasan faz algumas exigências pela gueixa, para garantir que ela tenha um padrão de vida condizente com o que está acostumada, como uma casa ou apartamento próprio e uma mesada. Se o danna concordar com as exigências, e a gueixa aceitá-lo e estiver satisfeita com as condições, a gueixa torna-se independente. Mamika, famosa e refinada gueixa de Gion nos anos 90, revelou em entrevista para um documentário da tevê norte-americana que além de um confortável apartamento em Kyoto e uma mesada de 8 mil dólares, seu danna ainda lhe deu um título de sócia de um exclusivo clube de golfe e permitiu que ela continuasse atuando como gueixa. Mas quem é o seu danna, ela não revelou e nem deu pistas. Manter segredo sobre seu danna e fidelidade a ele são considerados deveres da gueixa. Se ela faltar com tais deveres, a comunidade a isolará, o que tornará impossível que ela continue trabalhando como gueixa. Há, obviamente, muitas vantagens em ter um danna, mas o lado obscuro disso é que a gueixa pode ficar para sempre presa a alguém que não ama. Talvez esteja neste ponto o valor da gueixa, e o que fará ela sobreviver: a raridade, a exclusividade, e a personificação daquilo que há de belo na alma do Japão. Dificuldades existem, mas certamente há futuro para a tradição da gueixa. PARA SABER MAIS SOBRE GUEIXASO site Cultura Japonesa recomenda o livro GEISHA, de Liza Dalby. Em 1975, quando era estudante de antropologia, Dalby conseguiu o que nenhuma outra ocidental conseguiu até hoje: foi aceita como aprendiz em uma das mais tradicionais casas de gueixas de Pontochõ, um dos também tradicionais bairros de gueixas de Kyoto. Durante um ano, ela viveu entre gueixas como uma gueixa, para conhecer a fundo e compreender um mundo do qual o segredo é parte do estilo de vida. Outro ótimo livro é MinhVida como Gueixa, de Mineko Iwasaki. A autora, ainda criança foi adotada pela renomada e tradicional casa de gueixas Iwasaki do bairro de Gion em Kyoto, e educada para ser a atatori – a gueixa herdeira e sucessora da casa. Rebatizada de Mineko Iwasaki, nos anos 70 ela alcançou fama e reconhecimento como a mais talentosa gueixa de sua geração, chocando a comunidade ao decidir aposentar-se no auge da carreira, aos 29 anos, para ter sua própria vida. Memórias de uma gueixa da vida real, Iwasaki escreveu esta auto-biografia em 2002. |
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